29/04/2008 09:31
Por: secovims

Construtoras já ''importam'' mão-de-obra


O rápido avanço da construção civil provocou uma corrida das construtoras para contratar mão-de-obra básica de outros Estados e até de países vizinhos. São carpinteiros, pedreiros e armadores saindo do Pará e do Maranhão para trabalhar no Rio Grande do Sul, paulistas e cariocas migrando para o Centro-Oeste e nordestinos voltando para os Estados de origem para trabalhar em obras locais. Há também operários paraguaios cruzando a fronteira para se empregar no Brasil.

O aquecimento da atividade, que deve fechar o ano com crescimento de 10,2% no Produto Interno Bruto (PIB) setorial, segundo previsão do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), já teve impacto nas contratações. No primeiro bimestre, o emprego na construção atingiu nível recorde, com 1,9 milhão trabalhadores contratados no País, aponta o Sinduscon-SP. O déficit de mão-de-obra previsto para 2008 é de 71 mil trabalhadores no Estado de São Paulo e de 200 mil no País, diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP), Antonio de Sousa Ramalho.

Essa onda de "importação" de mão-de-obra para cobrir o déficit de pessoal em diversas regiões é recente. Começou em meados do ano passado e agora ganha contornos mais nítidos com as obras de infra-estrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o deslanche dos empreendimentos do setor privado residencial e comercial. Ainda não há números consolidados sobre o vaivém de operários. Mas grandes construtoras e sindicatos de trabalhadores confirmam a tendência de buscar operários em outras regiões.

Entre outubro do ano passado e março deste ano, a construtora Norberto Odebrecht, por exemplo, contratou 352 trabalhadores para duas obras no Centro-Oeste que vieram de fora da região, conta Paulo Henrique Quaresma, diretor de Recursos Humanos. Foram 175 operários do Rio de Janeiro, 90 de São Paulo e 87 do Pará. Nos últimos dez meses, 11 operários vindos do Paraguai se empregaram nas obras que a companhia tem no Centro-Oeste. "Foi a primeira vez que admitimos paraguaios." Nas 82 obras em andamento da empresa hoje no País, 40% da mão-de-obra operacional é de fora dos Estados onde o projeto é executado.

Ele conta que, no passado, pedreiros e carpinteiros, por exemplo, eram contratados localmente. Formavam-se filas na porta das obras de candidatos à procura de uma vaga. Agora, porém, a construtora tem de recorrer a anúncios em jornais e a contatos pessoais de operários que já são funcionários da companhia, a chamada "rádio peão" para recrutar mais trabalhadores. Além disso, a empresa passou a reter o pessoal quando termina uma obra, encaminhando para outros projetos. "Hoje, mão-de-obra é um gargalo", afirma Quaresma.

A construtora Camargo Corrêa, outra gigante do setor, confirma a escassez de mão-de-obra básica e a migração dos operários de outros Estados para preencher as vagas. "Nas obras do metrô de São Paulo, temos trabalhadores de Mato Grosso e de Minas Gerais", diz o diretor de Projetos de Infra-estrutura, Transportes e Saneamento, Dalton Avancini.

Ele explica que a migração de mão-de-obra do Nordeste para o Sudeste não é tão intensa como foi no passado. "Hoje há aquecimento da construção civil no País inteiro e há migração de mão-de-obra básica dentro das próprias regiões para suprir a escassez de trabalhadores." Ele cita como exemplo a construção do estaleiro no Porto de Suape, em Pernambuco, que se transformou em pólo de atração de mão-de-obra.

Não é só Pernambuco que virou mercado de trabalho promissor para operários do Nordeste. Segundo o Sinduscon do Maranhão, levantamento feito com uma construtora de grande porte da região revela que, de 50 trabalhadores contratados pela empresa recentemente, 30 vieram de fora do Estado e 20 eram do Piauí.

Apesar do dinamismo recente do Nordeste para atrair os operários, a região continua "exportando" mão-de-obra. A MPD-KC Empreendimentos Imobiliários, por exemplo, que iniciou neste ano a construção de uma unidade industrial em Caxias do Sul (RS) contratou 25 operários vindos do Maranhão e Piauí para erguer o empreendimento. Fonte: Estado de S. Paulo - 27/04/2008

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