Taxas de juros recuam, mas inadimplência bate recorde em maio
BRASÍLIA – Se de um lado houve redução das taxas médias de juros de empréstimos dos bancos para o menor nível desde 2000, na outra ponta a inadimplência bateu recorde de alta em maio. É o que mostram os dados da nota de crédito divulgada pelo Banco Central nesta terça-feira.
A taxa de inadimplência, considerando pagamentos em atraso há mais de 90 dias, apresentou alta de 0,1 ponto percentual em maio, alcançando 6%. É o maior percentual da série histórica, com início em junho de 2000. O avanço contraria o discurso do BC de que a inadimplência está em caminho de estabilização, com perspectiva de queda.
Esse percentual engloba as operações de crédito que são referenciais para o cálculo da taxa média de juros, que inclui quase todo o crédito livre.
Nos empréstimos e financiamentos referenciais a empresas, a inadimplência permaneceu em 4,1%. No segmento de pessoas físicas, a taxa de atrasos aumentou 0,2 ponto percentual, para 8%, a maior desde novembro de 2009, quando também estava em 8%.
A inadimplência na compra de veículos também alcançou números inéditos. A taxa das operações com pagamentos em atraso há mais de 90 dias subiu 0,2 ponto percentual e atingiu 6,1% no fim do mês passado. Em 12 meses terminados em maio, este indicador é de 2,5%, a maior taxa entre as modalidades de crédito à pessoa física.
Já a taxa de inadimplência de todas as operações de crédito do sistema financeiro, livre e direcionado, continuou em 3,8% em maio. O volume de operações que tinha pelo menos uma prestação em atrasou há mais de 90 dias somou R$ 81,727 bilhões no mês passado.
Com campanha estatal, juros caem
A taxa média de juros das operações referenciais de crédito do sistema financeiro caiu 2,2 pontos percentuais entre abril e maio, atingindo 32,9% ao ano, também atualizando o menor nível da série histórica calculada pela autoridade monetária (desde junho de 2000). Até então, a menor taxa média tinha sido registrada em dezembro de 2007 (33,83% ao ano).
Dados prévios de junho apresentados pelo BC mostram novas reduções nas taxas de juros cobradas pelos bancos. Nos dez primeiros dias de junho a taxa média cobradacaiu 1,3 ponto percentual na comparação com a média de maio, para 31,6% ao ano, um novo piso da série histórica com início em junho de 2000.
O governo iniciou em abril uma cruzada pela redução do spread bancário - a diferença entre a taxa de captação dos bancos e a cobrada dos clientes.
A queda foi puxada pelas operações direcionadas às pessoas físicas, cujo custo do crédito caiu 3 pontos percentuais no mês passado, para 38,8% ao ano. Para as empresas, a média caiu de 26,3% para 25% ao ano.
Os spreads bancários caíram de 26,3 pontos percentuais em abril para 24,7 pontos em maio, o mais baixo desde dezembro de 2010.
Nas operações com pessoas físicas, o spread, que era de 32,9 pontos percentuais em abril, caiu para 30,5 pontos em maio. As empresas, por sua vez, contrataram crédito com spread de 16,8 pontos em maio, ante 17,5 pontos no mês anterior.
(Murilo Rodrigues Alves | Valor)
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