15/05/2012 14:07
Por: secovims

Dólar forte não é sinônimo de repasse


O real leva um baile do dólar e é a moeda que mais desvalorizou entre economias emergentes e desenvolvidas ontem e também desde o início do ano. A partir da taxa de câmbio mais baixa em 2012, de R$ 1,699, o dólar acumula alta de 17,13%. A variação é relevante, mas não significa imediato repasse aos preços de bens e serviços. E, portanto, aos índices de inflação.

Marcelo Kfoury, superintendente do Departamento Econômico do Citibank no Brasil, lembra que os índices de preços no atacado são mais sensíveis ao comportamento do câmbio. Tanto, que o IGP-DI de abril já superou 1% e o IGP-10 de maio, que será divulgado pela Fundação Getúlio Vargas na quinta-feira, segue caminho semelhante. “A alta do dólar não chegou ao IPCA – referência de inflação para o regime de metas brasileiro – e o impacto dependerá do ritmo da demanda. A cada 10 centavos para cima no preço do dólar, a inflação sobe 0,2 ponto percentual, mostra o nosso teste de sensibilidade do câmbio na inflação”, explica Kfoury.

O economista explica que o repasse do câmbio nos preços não é automático. Depende de algumas variáveis. Entre elas, o momento em que os preços dos estoques (de produtos que agregam bens importados na produção) foram definidos. Outra condição que pode afetar o grau de repasse é a concorrência setorial. Kfouri lembra que o setor de produtos eletroeletrônicos não está pressionado e, portanto, não deve apressar repasse (da taxa de câmbio), embora trabalhando com insumos importados.

Para o superintendente do Citibank, a atual valorização do dólar em relação ao real não deve necessariamente levar o Banco Central a uma intervenção. “O BC só tende a intervir se detectar volatilidade nas cotações sem liquidez. O mercado tende a testar a autoridade monetária. E isso ocorreu nesta segunda-feira. O dólar chegou perto de R$ 2,00 e voltou.”

Kfoury alerta para a valorização global do dólar frente a outras moedas, a queda das commodities, a intensificação da crise na Europa, o aumento da aversão a risco, a diminuição do diferencial de juros de operações de carry-trade.

O economista do Citibank não descarta o desmonte da tributação de operações cambiais com o IOF. Mas isso, em caso de aperto mais severo na oferta de dólares ao Brasil.

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