04/05/2012 09:41
Por: secovims

Poupança muda e juro real cai a 2,45%, o menor desde o Plano Real

Decidido a abrir caminho para novas quedas da taxa de juros básica, o governo retirou ontem o maior obstáculo legal para que possa cumprir esse objetivo: mudar as regras de remuneração da aplicação financeira mais popular do país, a caderneta de poupança. Pelo novo sistema, a caderneta passa a ser remunerada em 70% da taxa Selic quando ela for inferior a 8,5%, e pelo sistema atual, quando for superior. Nada muda para as contas já existentes.

A mudança derrubou ainda mais os juros futuros, que passaram a apontar uma taxa Selic de 8% a 8,25% para o ano. A taxa real de juros - de 360 dias, descontada a inflação projetada em 12 meses, de 5,53% - atingiu nova mínima histórica, aos 2,45% ao ano.
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Ao mesmo tempo em que abriu caminho para juros menores, a medida ainda mantém a pressão sobre os fundos de investimentos que cobram taxas altas de administração. Uma simulação que leva em conta a nova fórmula da poupança mostra que cerca de 40% dos fundos DI e de renda fixa distribuídos no varejo vão continuar perdendo da poupança. Com o juro de hoje - 9% ao ano -, praticamente metade dessas carteiras já rendem menos do que a caderneta.

O governo preservou a atratividade dos fundos com taxa de administração de até 0,75% para aplicações em seis meses e taxas de até 1% para investimentos a partir de um ano, conforme simulação do Valor Data. São nessas carteiras mais baratas que estão cerca de 80% do patrimônio dos fundos DI e de renda fixa

O plano original do Palácio do Planalto era de só alterar a rentabilidade da poupança após as eleições de outubro. O cenário externo, que voltou a piorar, a demora na reação da atividade econômica doméstica e os sinais da última ata do Copom, de que os juros podem cair mais, motivaram a antecipação da medida. Ela foi anunciada após seguidas reuniões da presidente Dilma Rousseff com o Conselho Político, com dirigentes de centrais sindicais e com um grupo de empresários ao longo do dia. Dilma procurou se cercar de um amplo apoio político para mexer em um tema tão delicado.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que as alterações na caderneta são "um passo fundamental na direção de remover resquícios herdados do período de inflação alta".

fonte: valor econômico
Por Claudia Safatle, Alessandra Bellotto, João Villaverde e Yvna de Souza | De Brasília e São Paulo

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