10/04/2012 08:40
Por: secovims

Crescem apostas em Selic abaixo de 9%


Marisa Cauduro/ValorPara Ures Folchini, do WestLB, mesmo com limite imposto pela poupança, redução do juro é melhor estratégia do BC

A semana é outra, mas o tom do mercado de juros permanece o mesmo. As taxas futuras seguem apontando para baixo, reforçando a tese de Selic inferior a 9% ao ano.

O tema não é novo. De fato, ele estava em voga até a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) de março, na qual o colegiado acenou que a Selic poderia cair para próximo das mínimas históricas. Com isso, criou-se o consenso de um "piso" de curto prazo em 9%, tendo em vista que a mínima história é de 8,75%.

Tal convicção começou a cair na semana passada, e segundo o vice-presidente de tesouraria do Banco WestLB, Ures Folchini, a piora de cenário externo, que tem grande peso na composição do modelo do Banco Central, aliada à inflação corrente em queda - agora com expectativas declinantes - abre espaço para redução de juros.

O limitador natural à queda da Selic, segundo o especialista, é a fórmula de remuneração da caderneta de poupança.

No entanto, diz Folchini, independentemente dessa e de outras limitações estruturais, a estratégia de redução da Selic é a mais correta dentro da atual conjuntura econômica.

A opinião de Folchini sobre o efeito limitador da poupança também é compartilhada por outros agentes de mercado.

E o assunto ganha relevância conforme os bancos assumem uma postura coletiva e mais incisiva sobre o tema.

Estudo da Febraban divulgado ontem aponta que uma Selic em 8,75% (mínima histórica) já poderia esvaziar os fundos de renda fixa. "Certamente um desequilíbrio que precisa ser corrigido para viabilizar a continuidade da queda dos juros. E quanto antes melhor", apontou a instituição.

De acordo com a Febraban, com menores riscos para o cumprimento da meta em 2012, a dúvida fica, mesmo, para 2013, especialmente se o governo for bem sucedido na tentativa de acelerar a economia.

Ainda na visão da federação, no caso de um recrudescimento das pressões inflacionárias, é provável que o BC recorra ao todo ou em parte à utilização das medidas macroprudenciais para promover os ajustes necessários, reduzindo ao mínimo necessário um eventual ajuste de alta da Selic. "Nesse contexto, cresce a importância de se promover uma alteração nas regras das cadernetas de poupança", diz o estudo.

A questão ganha complexidade, pois alterar a regra da poupança em ano eleitoral seria aceitar um risco político muito grande.

Para parte do mercado, o governo não vai dar esse tipo de munição para a oposição, por isso, o cenário de maior probabilidade, levando em conta os fatores econômicos e políticos, seria reduzir a Selic a 9%, colocar o ciclo de corte em pausa até o fim das eleições e até que essa questão da poupança fosse resolvida. Superadas essas etapas, aí sim, o BC poderia reduzir ainda mais a taxa básica.

Essa é a visão racional de parte do mercado, mas sempre vale ponderar que as razões eleitorais, muitas vezes, falam mais alto no campo da política.

Mudando o foco para o câmbio, o real voltou a mostrar alguma correlação com o sinal externo. Dados ruins sobre a criação de empregos nos EUA tiraram força da moeda americana e abriram espaço para uma recuperação do euro e de outras moedas emergentes, como o dólar australiano.

Por aqui, o dólar comercial encerrou o dia com baixa de 0,33%, a R$ 1,819, menor cotação em duas semanas. O giro estimado para o interbancário ficou ao redor de US$ 1 bilhão.

No mercado futuro, o dólar para maio perdia 0,49%, a R$ 1,8255, antes do ajuste final.

O vendedor começa a ficar um pouco mais à vontade conforme cai a preocupação com novas medidas cambiais.

As ameaças e o tom das falas de membros do governou se abrandaram e, além disso, está sendo reforçada a ideia de que taxa de câmbio a R$ 1,80 é "razoável". Em função disso e das novas emissões de dívida e ofertas de ações não se descarta a possibilidade de o dólar ir testar, novamente, a linha de R$ 1,80.

fonte: valor.com.br
Por Eduardo Campos | De São Paulo

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