30/09/2011 08:26
Por: secovims

BC prevê crescimento menor e mais inflação em 2011


Expectativa para o PIB cai de 4% para 3,5%. Já a projeção para inflação subiu de 5,8% para 6,4% - quase no teto da meta, de 6,5%

SÃO PAULO - Depois da decisão de reduzir a taxa básica de juros em agosto, o Banco Central (BC) previu hoje menor crescimento da economia brasileira e inflação mais alta em 2011. No Relatório de Inflação do terceiro trimestre, divulgado na manhã dessa quinta-feira, 29, o BC reduziu de 4% para 3,5% a projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano
O setor externo provocará um impacto negativo de um ponto porcentual para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de acordo com o Relatório de Inflação do terceiro trimestre, divulgado pelo BC. A contribuição da demanda interna para a expansão do PIB, por outro lado, será de 4,5 ponto porcentual. O BC reduziu de 4% para 3,5% a sua projeção de expansão do PIB este ano.
Já a estimativa de inflação medida pelo IPCA (índice oficial do governo) em 2011 aumentou de 5,8% para 6,4%, no chamado cenário de referência utilizado pelo BC. Para 2012, o BC reviu a sua estimativa de inflação de 4,8% para 4,7%, no mesmo cenário. Dessa forma, pelos cálculos do BC, o IPCA ainda não irá convergir para o centro da meta de inflação, de 4,5%, no ano que vem. O presidente do BC, Alexandre Tombini, disse no início dessa semana que essa convergência era possível. Pelos dados do BC, divulgados hoje, a inflação só chegará ao centro meta no segundo trimestre de 2013.
Moderação da atividade econômica
O diretor de política econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, ressaltou que o cenário de trabalho da instituição contempla moderação da atividade doméstica, com ritmo menos intenso que o observado no primeiro semestre. "O que torna o balanço de riscos para a inflação mais favorável", acrescentou.
Entre os fatores que tornam o ambiente mais favorável, Araújo destaca que "emergiram sinais de moderação" no mercado de trabalho. Citou ainda recuo no uso da capacidade instalada da economia e também redução do descompasso entre a demanda e a oferta. "Sobre a inflação ao produtor, temos observado alguma moderação", completou.
Queda dos juros
A possibilidade de convergência da inflação para o centro da meta começou a ser bastante questionada pelos analistas do mercado financeiro depois que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu, no fim de agosto, a taxa Selic de 12,5% para 12%, dando início ao processo de flexibilização da política monetária.
Essas são as primeiras projeções de inflação divulgados pelo BC depois da decisão do Copom que surpreendeu o mercado pelo tamanho do corte. No novo cenário do BC, o IPCA acumulado em 12 meses vai fechar o terceiro trimestre deste ano em 7,2%, caindo para 6,4% ao final do ano. Pelas projeções, o IPCA recuará para 5,7% no primeiro trimestre de 2012, caindo para 5,2% no trimestre seguinte; 4,7% no terceiro trimestre de 2012 e fechando o ano que vem em 4,7%.
Em 2013, o IPCA em 12 meses permanecerá em 4,7% no primeiro trimestre, caindo para 4,5% no segundo trimestre e mantendo-se em 4,5% no trimestre seguinte.
BC otimista
A estimativa do BC é mais otimista do que as previsões do mercado. A última pesquisa Focus do BC, que coleta estimativas de instituições financeiras e consultorias, projeta que o IPCA fechará 2011 em 6,52% e 5,52% em 2012.
De acordo com o BC, a probabilidade de a inflação estimada ultrapassar o teto da meta (de 6,5%) em 2011 subiu de 22% para 45%, no cenário de referência. Já no cenário de mercado, a chance de o IPCA superar o teto da meta neste ano avançou de 18% para 44%. Para 2012, essa probabilidade caiu de 14% para 12%, no cenário de referência.
O cenário de referência leva em consideração juros constantes de 12% e a taxa de câmbio de R$ 1,65.
Economia mundial
No relatório, o BC ainda repetiu a avaliação, divulgada antes na ata da reunião de agosto do Copom, de que a economia mundial terá "baixo crescimento" e "por um período de tempo prolongado". Esse cenário foi levado em conta na decisão de redução dos juros, destaca o documento. O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, afirmou que existe "possibilidade elevada de que ocorra recessão em economias maduras".
O documento reconhece que atualmente "aumentaram as chances de que restrições às quais hoje estão expostas diversas economias maduras se prolonguem por um período de tempo maior do que o antecipado". Entre os motivos que levam à essa persistência dos efeitos da crise, o BC relaciona as taxas de desemprego que "se encontram bastante elevadas", os preços dos ativos que "têm sofrido perdas substanciais" e a reduzida confiança de empresários e consumidores.
Além disso, o BC lembra que na maioria desses países há um "limitado espaço para utilização de política monetária", além de ocorrência de "restrição fiscal".
Nesse trecho do documento, o BC observa que, apesar de a demanda doméstica continuar "resiliente" na Ásia e na América Latina, "o ritmo de atividade tem moderado em função do enfraquecimento da demanda externa, do comércio exterior".
Fonte: Adriana Fernandes e Fernando Nakagawa, da Agência Estado
29 de setembro de 2011 | 9h 11

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