22/07/2010 08:20
Por: Fonte: Jornal dosCondomínios - On Line

Novos conceitos da construção civil visam minimizar o problema do

Novos conceitos da construção civil visam minimizar o problema dos ruídos, como a norma de desempenho de edifícios, que entrou em vigor este mês.

A construção civil evoluiu com as tecnologias que tornaram as construções mais leves, sem perder a resistência. Paredes mais finas e lajes pré-moldadas possibilitaram a elevação de prédios mais rapidamente e com custos mais baratos. Porém, pouco se levou em conta na questão acústica. O resultado é que os ruídos, causados por atitudes corriqueiras, como o barulho do morador caminhando no andar de cima ou dando a descarga no banheiro até as discussões e choros de criança se tornaram os principais causadores de confrontos entre os que vivem em condomínio.

Mas o setor atualmente se atentou a essa defasagem e vem criando novos conceitos para garantir conforto acústico. Entre eles está a Norma Brasileira de Desempenho de Edifícios (NBR 15.575, Partes 1 a 6), da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), que entrou em vigor em 12 de maio. As construtoras têm até novembro para se adequar a ela.

Segundo o superintendente da ABNT CB 02 – Comitê Brasileiro da Construção Civil –, Carlos Borges, a principal diferença desta nova regra em relação a quase mil normas brasileiras existentes é que essa determina um desempenho mínimo para obtenção de um resultado, sem levar em conta a forma para ser atingida. O que vale é o desempenho esperado.

“A norma cobra desempenho acústico nas novas construções, o que implica numa série de pequenas ações e cuidados que devem ser contemplados no projeto e na construção de um prédio”, explica Carlos Borges, que também é vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Secovi/SP (Sindicato da Habitação de São Paulo). Espessura maior da parede e da laje entre as unidades, cuidados para evitar fuga de som de um apartamento para o outro e selamento de portas constam como itens que podem ser aplicados na construção para acabar com o problema.

Borges observa que a norma 15.575 aponta métodos de avaliação para medir o desempenho por meio de ensaios locais e simulações computadorizadas. “É pensar o comportamento em uso ao longo de uma vida útil, que deve ultrapassar 40 anos, já no momento do projeto”, esclarece.

A norma pode ser uma base para a realização de reformas. “É uma referência técnica para conhecer o desempenho de um prédio já construído, pois a NBR 15.575 define os ensaios que podem ser feitos para essa verificação. Mas é importante afirmar que nesses casos não podem ser cobradas melhorias dos construtores do prédio, pois ela ainda não estava em validade”, explica Borges. O superintendente da ABNT CB 02 lembra que um dos benefícios da nova norma é elencar todos os agentes responsáveis pelo desempenho da construção, desde os fornecedores, projetistas, construtores e os síndicos – que devem seguir corretamente as recomendações de manutenção corretiva e preventiva.

Normas definem níveis mínimos de conforto acústico

A NBR 15.575 avalia os sistemas construtivos para que sejam respeitados níveis mínimos de desempenho nas construções, entre eles o acústico. Mas o grau de ruídos aceitáveis é determinado por duas outras normas, que estão em vigor desde 2008, e, portanto, são totalmente aplicáveis aos condomínios já existentes.

A NBR 10.151 aponta os níveis de ruídos toleráveis nas áreas externas às edificações para garantir o conforto da comunidade, dependendo do período do dia. Em áreas estritamente residenciais o ruído não pode passar de 50 decibéis durante o dia e 45 à noite. Já nas áreas mistas com predominância residencial é de 55 dB (dia) e 50 dB (noite), mista com vocação comercial 60 dB (dia) e 50 dB (noite), e mista com predominância recreativa 65 dB (dia) e 55 dB (noite).

A norma que delimita os ruídos internos dos apartamentos é a NBR 10.152. Nela estão apontados o grau de conforto acústico para os diferentes ambientes da casa de acordo com o seu uso. Nos quartos o nível ideal é de 35 dB e o limite aceitável é de 45 dB. Na sala de estar é 40 dB e 50 dB, respectivamente.

O professor do curso de arquitetura da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Wilson Jesus da Cunha Silveira, lembra que apesar de serem credenciadas pelo Inmetro (Instituto Brasileiro de Normas Técnicas) as normas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) não têm força de lei. “Para serem obrigatórias precisam ser publicadas gratuitamente. Nas universidades são ensinadas, pois as normas técnicas são parâmetros importantes. Em outros países, como França e Espanha, está disponível gratuitamente na internet”, explica.

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