Momento é para compra de imóveis
Diante do cenário de queda do Índice Geral de Preços e Mercado (IGP-M), que caiu 1,58% no acumulado deste ano e 0,52% nos primeiros 10 dias de maio, segundo relatório da Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgado segunda-feira, surge a dúvida do que vale mais a pena no atual quadro econômico brasileiro: comprar ou alugar imóveis?
Para os especialistas ouvidos pelo Jornal do Brasil , o momento é de aquisição. É a grande chance de tornar o sonho da casa própria realidade. O professor de Finanças do Ibmec-RJ, Gilberto Braga, explica que os incentivos do governo na construção civil, como redução dos impostos de material de obras e o programa habitacional “Minha Casa, Minha Vida” – que prevê a construção de 1 milhão de casas – tornam os custos de aquisição de imóveis menores.
– A ampliação do crédito no segmento gera mais concorrência entre os bancos, que mantêm as taxas de juros mais perto da realidade do brasileiro – disse.
O professor ainda destacou que, mesmo que a parcela do financiamento seja mais cara do que o aluguel, a primeira tem a vantagem de carregar o ideal da casa própria.
– As pessoas têm a ideia que de que o aluguel é um investimento sem retorno, enquanto o financiamento paga o bem próprio – ressaltou Braga.
Bom momento antes da crise
De acordo com o diretor de Planejamento e Administração do grupo de imóveis Brasil Brokers, Josué Madeira, as vantagens para a compra começaram no ano passado, antes mesmo do estouro da crise financeira internacional.
– As taxas de financiamento dos bancos já estavam boas. Com o colapso econômico, a tendência era de aumento, mas o governo e as instituições financeiras mantiveram os juros – disse Madeira.
Até abril deste ano, a Caixa Econômica Federal (CEF) somou R$ 10 bilhões em operações de financiamento, valor 114% maior que o registrado no mesmo período de 2008, de R$ 4,8 bilhões. Segundo a superintendente regional da Caixa no Rio de Janeiro, Nelma Tavares, o volume é maior até do que o alcançado no acumulado de 2005, quando foram negociados R$ 8,9 bilhões.
– O recorde é o resultado das ações do governo, que quer manter a economia aquecida através do setor de construção civil. As condições de financiamento, não só na Caixa, estão muito favoráveis – disse Nelma, que ressaltou que a CEF detém 66% do mercado desse tipo de operação.
Na ponta do lápis
Mas há quem defenda que, na ponta do lápis, o melhor ainda é alugar. O vice-presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Locação de Imóveis do Rio de Janeiro (Secovi-Rio), Manoel Maia, explica que a locação de um imóvel modesto permite economia para uma boa entrada e pagar um financiamento com taxas de juros menores.
– Do ponto de vista estritamente financeiro, o aluguel custa menos do que um financiamento – disse.
Para o gerente geral de imóveis da empresa de gestão condominial e negócios imobiliários Apsa, Rogério Quintanilha, é necessário diferenciar a questão financeira do fator estilo de vida. Segundo o especialista, a locação tem a vantagem de possibilitar a mobilidade do morador, que pode usar os recursos que investiria na compra de um imóvel em viagens, por exemplo.
– O mito de que alugar uma casa é “rasgar dinheiro” é exagerado, uma vez que a pessoa que aluga está, sim, usufruindo os benefícios do imóvel – destacou.
Roberto Francelino, de 30 anos, acabou de comprar a sua primeira casa. O valor do imóvel, na Tijuca, foi de R$ 180 mil. Desse total, R$ 126 mil foram financiados pela Caixa. Roberto deu uma entrada de R$ 54 mil, sendo R$ 30 mil de recursos próprios e R$ 24 mil do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
– O financiamento é de 20 anos, mas é melhor do que viver toda uma vida de aluguel – disse. Fonte: Jornal do Brasil - 14/05/09
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